sexta-feira, 28 de março de 2008

Romantismo Ultra


Lembro-me quando te vi naquele baile de estátuas
Rochas amargas que depois toquei em tuas mãos
Tua face era de cera lavada por água de rosas
E teus cabelos eram o fio da vela que ardia sobre ti
Depois vi-te dançar por entre os monumentos
Que foram felizes, tocavas em alguns deles
E sorriam, depois ajoelhavam-se
Já com auréolas de arco-íris
E morriam…
Tocavas sempre nos mais incolores e sombrios
Lembro-me de ouvir a melodia por ti encomendada
Era de glaciar luzente e fervente, das montanhas
Do esquecimento
Era de fumo azul-negro, de melancolia frenética
E o teu olhar…
Olhei o chão de pregos invertidos, caminhavas sobre eles
Olhei o céu da cor de chão de sangue…
Olhei enfim teus olhos
E vi o céu que outrora conhecera.

Lux. Jan. 2003

domingo, 23 de março de 2008

A Irmandade: Reflexo de Alma


Tu sabes que já cruzámos estradas distantes
Rimos na amargura, bebemos da fonte segura
Chorámos para nós, no silêncio da noite gélida.
Sei que a dor que foi tua, física, crua
Foi minha, de uma alma nua.
Quando te segurei em meus braços frágeis
Eles foram aço que ergue a glória, ontem, agora e sempre
Quando te sorri na tarde mais negra
Foi de tristeza, mas queria que visses esperança
Sempre criança, sempre a criança da minha lembrança.
Quando subtil, seguro, te vejo cumprir teu destino puro
Alegro-me, vejo as flores que pintas na Primavera.
Olho para trás e contemplo toda uma era.
Um tempo de vida colorida, cumplicidade jamais esquecida
Que perdurará no ocaso dos nossos dias.
Agora,
Mesmo quando pareço estar distante
Vejo-te seguir, qual estrela andante
Que guia o perdido caminhante.
E sigo-te, porque és o meu paradigma
Porque me habituei a contemplar-te como pedaço de minha alma
Irmão desta eterna caminhada.
Almas que seguem em frente, ora distantes ora sempre presentes
Onde um abraço e uma lágrima definem a amizade mais sábia.



Poema para o mais brilhante dos super-heróis, meu grande ídolo: João.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Farol dissipado

Chega-se àquele porto onde
Já o Oriente é passado
Nada há a fazer agora
Que a ilusão está moribunda e
Teus olhos são o farol de uma terra distante
Impossível.
Tudo o que vai atrás são folhas de
Esplendorosos versos,
Mas já gastas, inúteis,
Uma poesia que não te encanta.
Vai,
Segue a mundana ilusão!
Se é isso que faz bater teu coração.

Oh, quem me dera poder admirar
Tua imagem maquilhada
Em vez de amar essa tua aura,
Esse teu brilho abrasador…
Que me acompanha sempre ao luar.
(Texto: Rodriguez; Foto: Rob Gonsalves)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Os "meus" filmes

Corpse Bride
Corpse Bride (A Noiva Cadáverl) é um filme de animação em stop motion de 2005, produzido por Tim Burton e realizado por Tim Burton e Mike Johnson.
O argumento é clássico na sua fragilidade, valendo o filme pela atmosfera visual deslumbrante que consegue criar de raíz. As ambiências underground superiormente montadas adensam o clima romântico que se pretende juntar a essa atmosfera. De facto, "A Noiva Cadáver" continua a tradição de clássicos negros, ocultos e românticos realizados por Tim Burton, iniciada com filmes como "Eduardo Mãos de Tesoura".
Passado no século XIX numa vila europeia, "A Noiva Cadáver" é pois um filme de animação que relata a história de Victor, um jovem que vai parar a um mundo subterrâneo povoado pelos mortos e onde, devido a um juramento acidental, ele deve desposar uma misteriosa noiva falecida, enquanto a sua noiva real, Victoria, espera por ele no mundo dos vivos.
A história é baseada num conto popular russo-judaico do século XIX e é ambientada numa fictícia Inglaterra da era vitoriana. A rivalidade de classes é espelhada nos interesses de uma família aristocrata falida que tenta, através do casamento da filha, aproveitar-se de membros milionários da burguesia. De um lado, a classe e as maneiras, o bom nome e estatuto social; do outro, o poder do dinheiro, apesar das maneiras pouco educadas e mesmo grosseiras dos novos-ricos. Até mesmo aqui, o filme gera encanto e um ritmo à boa maneira dos filmes sobre diferenças e desigualdades sociais.
Tematicamente, acentue-se ainda a ideia de que o mundo dos mortos possui uma vida muito acima da dos vivos. Lá em baixo, tudo é colorido, alegre, festivo e irónico, enquanto que cá em cima reina o escuro, o taciturno, o protocolar e rígido e o jogo de interesses. Esta espécie de “monde à l’envers” reinventado pelo fantasista Burton serve uma perspectiva pouco romântica, porque optimista, relativamente à vida para além da morte. Talvez por isso o filme é tão divertido e cativante.
Uma certeza: o herói romântico Victor (voz de Johnny Depp – o actor fetiche de Tim burton) descobre que não há força neste mundo ou no próximo capaz de o afastar do seu verdadeiro amor.

Ficha técnica:
País: Reino Unido
Ano: 2005
Género: Animação, Fantástico, Comédia
RealizaçãoTim Burton, Mike Johnson

terça-feira, 4 de março de 2008

The Lie


March, 1982, Worthington, Ohio. A car rammed me from behind. I pulled over to let him pass. He got out. It was the guy from the party I just left, so I rolled down the window. "Hi", I said. He pointed the gun and cocked the hammer. "You lied, it's not your number."

(in Welcome to common Ties)