quarta-feira, 29 de abril de 2009

VEM AÍ "BATTLE FOR THE SUN"!


É grande a minha expectativa, mais uma vez. Os Placebo anunciaram que vão lançar um novo álbum de estúdio em Junho. Será o primeiro álbum do grupo com o novo baterista, Steve Forrest. O sexto álbum de originais chega às lojas a 8 de Junho e será, segundo Brian Molko, o primeiro disco conceptual dos Placebo.
Eis as declarações de Molko acerca do novo trabalho:
«Acho que o "Battle for the Sun" é o nosso primeiro álbum a contar uma história ao longo dos seus 52 minutos. Os nossos lançamentos anteriores eram apenas uma compilação de canções».
O novo disco contou com a produção de David Bottrill (Tool, dEUS e Muse) e é o primeiro desde a saída do baterista Steve Hewitt, entretanto substituído por Steve Forrest.
Os Placebo vão estar em Portugal a 10 de Julho no palco principal do Festival Optimus Alive!09 e eu estarei lá para os ver ao vivo pela primeira vez.
Alinhamento de «Battle for the Sun»:
1. Kitty Litter
2. Ashtray Heart
3. Battle For The Sun
4. For What It's Worth
5. Devil In The Details
6. Bright Lights
7. Speak In Tongues
8. The Never-Ending Why
9. Julien
10. Happy You're Gone
11. Breathe Underwater
12. Come Undone
13. Kings Of Medicine

SINGLE DE APRESENTAÇÃO:

sábado, 18 de abril de 2009

KUSTURIKA FEZ A FESTA


Emir Kusturika em Gaia, em Novembro do ano passado. Desta vez a festa foi no Rosa Mota

O meu conhecimento acerca do realizador Emir Kusturika reduz-se a 2 dos seus filmes, que ficaram gravados na minha memória e comprovaram a ideia de um realizador marcante do cinema contemporâneo: Underground e Gato Preto, Gato Branco. Derivando a linha de opinião para sua música, conheço o suficiente para comprovar o que vi nos ditos filmes: a ideia que se faz deste sérvio de meia idade a partir por exemplo de Gato Preto, Gato Branco é sem dúvida aquela de alguém cujos cânones estéticos pouco importam quando entrando em colisão com uma cultura social dos balcãs impregnada de grotesco, de caos, de tragi-cómico, de bizarro ou simplesmente de um alegre exuberante sem limites.
E foi mesmo isso que pude viver ontem no Pavilhão Rosa Mota. A entrada em palco da "No Smoking Orchestra" foi tudo menos convencional: Um vinha vestido de revisor de comboio, outro com cartola de mágico "gingão"; um saxofonista que nunca foi a Kansas City, um cantor histérico com roupa de polvo-dragão; o filho de Emir, o irmão do vocalista; um fotógrafo que passou o concerto em pleno palco a exercer o seu ofício, entre os restantes não menos espampanantes. De tudo um pouco.
Entre todos eles, um Senhor de pose serena com sua guitarra, por vezes divertido, é certo, mas sempre em compostura sábia, nem mesmo manchada pelo chapéu à... (hei-de lembrar-me do nome da personagem... é de uma série TV qualquer dos anos 80): o Senhor Emir Kusturika.
A música é folclore balcânico, é música gipsy, é clássica, é pop, é rock, é por vezes até rockabily. É alegria imprevisivelmente e inevitavelmente contagiante, mesmo para quem não gosta ou não conhece. É cinema, é comédia grotesca, é ópera bufa, é lenga-lenga de carrossel de feira, é circo, é festa!
Na verdade, ninguém consegue ficar indiferente ao espectáculo da No Smocking Orchestra; aos saltos demoníacos do seu vocalista, aos gritos de incitamento ao público; aos malabarismos do violino, da percussão, do acordeão, da tuba, dos tambores! O fôlego falta muitas vezes aos artistas, como falta a um público sedento de alegria em tempos de melancolia.
Nele Karajlić, o frenético e bizarro cantor, é um jongleur que incita o público através de impulsos corporais, de acrobacias, de gritos de clichés políticos irónicos, de diálogos quase patéticos, mas muito divertidos, que dão origem a situações completamente insólitas e a uma interactividade nova com o público. Desde miúdas vindas da plateia a dançar no meio do palco, possuídas pela energia dos rapazes sérvios, dando azo inclusivamente, pasme-se, a erros de tradução verdadeiramente inesperados (como explicar à moça que "are you ready" não se traduz por "eu amo-te"?); até à guitarra de Kusturika transformada em violino, passando pela confusão total em palco com invasões sucessivas de público.
Para a festa ser perfeita, só faltava Nele Karajlic apresentar-se como sendo Lisandro Lopez. Rubro no Pavilhão.
"Bubamara", o tema de culto, veio finalmente aconchegar os corações, enquanto a cerveja tardava a encher os copos e o grande "Bino" se regozijava por servir de cicerone espíritual - do meu contagiante grupo de comparsas da festa - de tamanho espectáculo. Mas esta é uma piada privada.
Rodriguez 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

KENNY

Gosto de pensar que aprendi a gostar deste animal porque ele me lembra muitas vezes que há vida para além do ser humano. Uma vida selvagem? Sim, mas não menos importante na engrenagem cósmica. Conceitos, preceitos, filosofias, chavões; teorias que são frias ou vidas que são vazias. Humanos: Cruéis. Traição e rancor, maldade e ódio, amor...
Os gatos devem limitar-se a serem portadores de pouco disto. Percebem muito de tapetes e de futebol individual; dominam os sprints, dormem sem ressonar, porque ressonam acordados.
São mestres na arte do ócio, lavam-se a cada hora e vivem felizes. Parecem invisíveis às vezes, mas o aspirador sabe bem da sua existência. Outras, barram caminhares apressados no sono vertical da manhã indesejada.
São vidas dependentes, almas (in)conscientes do seu relevo na humana rotina. São corpos felpudos que vagueiam, mudos, pela mesa acima.
Amigos incondicionais, admiráveis animais. São gatos, nada mais.