Entrou num vale negro pintado de folhas semimortas de dor aspirada a quem passa num pranto irascível e lento
Sempre amparado pela bruma resplandecente de brancura fina e
pura Entrando num mar aberto à loucura forçada
Chegou, cegou. Embaraçou um passo compassado, quase marcado
pelo extremo pesar mas não cedeu
Reergueu então a fronte defronte de um céu quase rubro
desembainhando a pena e assinando o monte onde outrora observara com temor o
maior dos monstros
Acordou então sentado no lado deserto do leito. Sonho tardo,
fardo que pousa a seu lado agora que lá fora já a turba ofusca o paraíso
olvidado.
Jornada alada. Sempre irá cursar sempre e sempre.
Foi assim que pensou levantar mais um dia. Aquele dia onde
os olhares temerosos se tornaram odiosos
- gostas de mim? – Não
Mas gostas ou não, não
És má - gosto de ti
Mas amas-me?
Amo-te muito,
Mas os olhos são esquivos como quando comi o chocolate que
custava dinheiro e menti a olhar para um ponto que não fixei
E contento o peito com os pontos não fixados dela, crente
que sim
Mas o brilho é sumido e o coração permanece dolorido
Ansiando por toque macio que consola a dor, alimenta o amor,
regresso ao vale diante do acervo terreno repleto agora de um feno ameno
Para esgrimir a minha pena diante da eterna melancolia
Que um dia
Metamorfose com toques de magia, ainda que sombria
Direi basta ao maquinal torpor.
Serei inexorável e molesto diante do Amor.