4. nunca mais será igual o azul do mar e do céu. porque
sempre que olhar o imenso cerúleo espelho de olhar, a palidez a encontrar uma
ruga suave e sábia. azul pálido como daquela vez em que sentiste a saudade pela
primeira vez. era uma madrugada lânguida. era uma primavera outonal, um
tormento de peito cerrado. E então será um retorno. Mas um retorno de leve
sorriso multíscio, de dor que se aceita e se devora e se toma como amiga
confidente.
Sabes que a alvorada é agora inata, tomas um gole de Brandy
realizado. danças o que não se perde em fatuidade, degolas a imprudência vã,
com uma espada de subtileza feita. és tu. Mesmo de vulnerabilidade. Mesmo de
incerteza na palavra, no ato, no esgar. E bebes as rosas ainda assim. Como se
uma borboleta rubra numa noite sem céu te fosse indiferente. Mas não é. e as
rosas também não.
só. Ouves melodias sérias, coisas com valor estético, pouco
ético. Sentes o sangue fervente num romantismo crescente. Melancolia maldita. O
branco físico não condiz. O rubro intenso atormenta, fere, excita. Dilema.
é a hora da redenção, um tempo de perdão. algo mudou. mudou
a cor do céu e do mar. o sol ainda queima. As lágrimas são agora verazes.
Porque sapientes da ironia da tragédia. Mas respiras. Sentes o caminho a
percorrer. A esperança nas rosas. O rubro que não morre com a insanidade dos
anos da eterna juventude.
e chegaste ao limite da consciência vã. já não há motivo
para receios, para matinais anseios sob jugo do olhar alheio. és tu. os erros
vão sempre repetir-se ao sabor do incenso das flores malditas. Um olhar claro e
vivo que te vigia, sempre magnético e jamais te abandonou. o primeiro beijo que
nunca morre, nem na imensidão do azul pálido do céu. o acerto que procuras numa
canção que é paranóica. 40. nada mais.
Lembras-te quando caminhavas descalço pela eira que sabia a
milho seco… chão rugoso e julgavas ter diante de ti o infinito? Agora caminhas
pela cidade gigante de fumo obscuro. Há infinito em ti, porque o incenso
maldito continua no teu encalço.
(rodriguez2014)