domingo, 25 de novembro de 2007

Brincadeira sobre O Segredo

No outro dia, quando fiz anos, ofereceram-me um livrinho muito curioso que, ao que parece, é já um best seller do tipo “O código Da Vinci”. Quando olhei para ele, até fiquei contente, porque me pareceu, até pelo título, ser um livro do seguinte género:
- um romance histórico cheio de enigmas;
- um livro bem descontraído;
- um belo passatempo, literariamente despretensioso;
- a solução ideal para descomprimir e entreter um cérebro cansado;
- um livro cheio de curiosidades históricas e truques psicológicos para impressionar os leigos;
- o calço ideal para o móvel da televisão;
- uma cena fixe para ter na mesinha de cabeceira.
Falo do livro “O Segredo”, de Rhonda Byrne. Venho a saber que estava redondamente enganado. A minha esposa, muito dada a métodos psicológicos que, segundo os seus autores, conduzem as pessoas ao sucesso na vida, fez questão de me dizer que aquele era um livro que desvendava um segredo acerca do sucesso pessoal, algo do género “método Silva”, um método de sucesso inventado por um brasileiro chamado…adivinhem!. Ou seja, ao lermos aquele livro, ficaremos com a chave do sucesso, da riqueza e de tudo o que possamos desejar.
Que estranho. Então a menina Rhonda pôs-se a desvendar algo que podia fazer dela a rainha do mundo? É que neste mundo sem interesse não há nenhum Homem-aranha que a pudesse deter! Ela podia facilmente fazer de nós escravos de uma matriz inventada por si própria!...
Enfim… até compreendo, ela é uma bacana… quis partilhar o segredo com todos.
O segredo tem todavia falhas. Ela fala na lei da atracção, diz que se uma pessoa pensar com muita determinação em algo que deseja, focalizar um objectivo e pensar nele no dia-a-dia, sempre com pensamento positivo, esse desejo realizar-se-á. São as energias positivas a atrair coisas positivas. F…, esta m… só acontece aos outros! Ando eu para aqui há uns 8 anos a pensar que é para o ano que vou dar aulas, não penso noutra coisa e até agora o melhor que consegui foi ser insultado por um puto que ainda nem chegou ao 3º ciclo?!! Se calhar já é um bom começo e vou tirar o aspecto positivo disto, como deve aconselhar a Rhonda. Vou tirar… quando o encontrar… vou pensar nesse objectivo… todos os dias… hei-de conseguir…
Disse-me a minha digníssima esposa também – ela apoderou-se logo do livro e está a lê-lo – que não devemos enviar energias negativas aos outros, do tipo, um gajo qualquer no trânsito obriga-nos a fazer uma travagem e nós não devemos insultá-lo, porque isso virar-se-á contra nós. Epá, agora até tenho mais cuidado nisso. Ainda hoje, quando um gajo me ultrapassou pela direita, lhe chamei filho da… (a minha mulher tossiu) pátria, filho da pátria! E depois, os gajos africanos da Académica estavam a falhar golos contra o Benfica e eu chamei-lhes pretos de m…, de Moçambique! Pretos de Moçambique, foi isso! E até me senti melhor, pensei que isso ia dar sorte à Académica, focalizei, pensei nesse objectivo com muita força! O Benfica ganhou 3-1.
E lembro-me que no outro dia, quando estava a dar o Euro-milhões, pensei que o meu grande objectivo de vida era ganhar, acertar naquelas bolinhas e ficar milionário, porque a lei da atracção diz que quando se deseja muito, isso acontece. Desejei tanto, tanto… e só depois é que me lembrei que não tinha jogado. Eu ando a ficar maluco, até já chamo Octávio (em vez de otário) ao Luís Filipe Vieira! Epá, eu bem focalizo, imagino, desejo, volto a focalizar, mas o melhor que consegui até agora, foi focalizar bem de perto um poste na rua no outro dia. Ia a caminhar e a focalizar, a desejar, a imaginar, que não reparei no poste e parti a cabeça. Um gajo ia a passar e começou a rir, mas eu nem sequer reagi, só pensei: “olha, este senhor deve estar feliz por eu andar a focalizar objectivos de vida…”.
Fogo! O que é esta m…. do segredo, c….? Então um gajo anda aqui a cumprir uma data de cenas e regras e o c…. e esta m…. não resulta??? É só para os amigos, amiga Rhonda? O livrinho está mas é viciado ou o c…. Conclusão: quem escreveu este livro pensou, focalizou um objectivo. Esse objectivo era ficar milionário. Conseguiu. Quem comprou o livro é otá…Octávio, é isso! Foi o Octávio quem comprou o livro, o meu primo Octávio.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Poema de Lord Byron

A uma taça feita de um crânio humano
Tradução de Castro Alves

Não recues! De mim não foi-se o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria
-Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! empina-me!... que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais val guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
-Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do reptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro...
Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.
E por que não? Se no correr da vida

Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lado
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Aniversário

O Tempo dança na noite das mágoas
Como um companheiro traidor
volta a cada ciclo, em seu labor
em sua dor
É Tempo de voltar ao início
É Tempo de andar em frente
O Tempo, nome próprio, nada fictício
corrói a mente, consome a gente
Horas mortas, silêncios vivos
Ressoam a abrigos no monte da morte
Monte andante, que cresce no horizonte
e que um dia vem cair defronte.

15 Nov. 2007 (ano 33)

sábado, 10 de novembro de 2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Volúpia (Sonho VIII)

Nuvens de cordeiros
Irrompem pela aurora hedónica
Que desce pela gigantesca cascata
Da matéria adormecida
É o início.
Depois é o perfume abrasivo
Imenso
De azul e vermelho-fogo
O palpitar frenético já lá está
Elevação virtual.
Agora é o sangue que golpeia
Pelos olhos rasgados da serpente
Sangue espesso inexplicável
Talvez o licor paradisíaco
Das Deusas bebido.

E sinto o escorrer
Por minha face de água
Mil rosas vermelhas
Presente de Vénus.

Lux. 20/07/1997
02.30 a.m.

sábado, 3 de novembro de 2007


O desenho, forma de arte espontânea como as palavras... Traço de João Rodrigues.