domingo, 24 de fevereiro de 2008

Poema disperso na sombra da luz


4 Julho2006

A nau que vagueia à toa pelo mar ora brando ora encrespado sempre encontrou rochedos sangrentos camuflados que quase quebraram o seu casco frágil e delicado. Por um mar de encantos e desesperos, dançou pela vida fora, acertando passos e errando voltas… vida difícil onde as flores do amanhecer quase sempre murcharam e por vezes arderam ao cair da noite e do pó das estrelas.
Aí, na penumbra ofuscante, no ermo envolvente, o desabafo terno e pungente, amiúde dilacerante, espelhado em fios de letras. Em teias e redes onde alguém ia dançando e encantando a minha alma, distraindo-me do mundo da noite de trevas.
Solitário cavaleiro pela noite escura a cavalgar, comandante de uma nau à deriva no mar, sem porto, segurei-me com mãos cerradas às teias e às redes, tentando apanhar o simulacro dançante. Consegui e, embalado nessa doce melodia, vi a luz mais bela, a cujo destino pertenço.
Essa luz és tu, e eu quero esquecer a noite e seguir-te nesta Primavera feliz.

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