sábado, 31 de dezembro de 2011

UM DIA MAIS, UM DIA A MENOS

A dor ergue-se como lava de vulcão com o corroer lento do tempo. Vejo o riso do ontem submerso pela lágrima do hoje e do amanhã. Cada dia é um centímetro a menos na curvatura incontornável do arrastão colossal pedido pela morte. É a sorte dos instantes joviais que são colossais alentos de ilusão, enquanto um coração ofegante arfa pela acalmia.
Um novo ano, de 2012. Eterno retorno. Aqui na terra onde tudo converge ignora-se mundos galácticos. Porquê pensar na crise diária minúscula ignorando a poeira estrelar… onde almas omissas cantam entre amores perdidos.

Tudo permanece sem sentido. Enjeito a gravata, ajeito o cabelo para mais uma jornada maquinal sem saber para onde conduzo o esqueleto. Baixo progressivo, porque a terra emana magnetismo e procura fertilizante. Já não iludo o peito com hipotéticas primaveras ou promessas egocêntricas sinceras. Um bem-estar conquistado ao quotidiano hipnótico. Matriz de rotinado bailado. Ouço notas belas, guitarras esquecidas pelo vulgo. Pedaços de um passado inexistente fora do meu horizonte.
Um dia mais num ano mais. Sempre a dor maior, a descida… já não sou Ícaro insano, antes Orfeu mundano. Mas o doce embalar da mente derrete o gelo sempre presente. Novo Ano e novo suspiro, agora bem conseguido.
Um dia mais , um dia a menos.

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