quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Cave atmosphere


I was always in that cave under the death’s guardian tree’s trunk. Stuck by the bleeding roots in my ankles and wrists of tight branches. I would be soon a soul ramification; I would give wonder and spell to that murderer valley.
There you came and you were a flower… that demon tree doesn’t bear pure flowers, only buds which spout out fiery fervent blood, acid that corrodes flesh. Your silky petal’s white pierced through my timbered old heart and made him spout out that red-dark sperm which watered and changed you into the most beautiful ruddy rose ever dreamed. And so I painted your petals forever. And love ruled that valley for good.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Poema disperso na sombra da luz


4 Julho2006

A nau que vagueia à toa pelo mar ora brando ora encrespado sempre encontrou rochedos sangrentos camuflados que quase quebraram o seu casco frágil e delicado. Por um mar de encantos e desesperos, dançou pela vida fora, acertando passos e errando voltas… vida difícil onde as flores do amanhecer quase sempre murcharam e por vezes arderam ao cair da noite e do pó das estrelas.
Aí, na penumbra ofuscante, no ermo envolvente, o desabafo terno e pungente, amiúde dilacerante, espelhado em fios de letras. Em teias e redes onde alguém ia dançando e encantando a minha alma, distraindo-me do mundo da noite de trevas.
Solitário cavaleiro pela noite escura a cavalgar, comandante de uma nau à deriva no mar, sem porto, segurei-me com mãos cerradas às teias e às redes, tentando apanhar o simulacro dançante. Consegui e, embalado nessa doce melodia, vi a luz mais bela, a cujo destino pertenço.
Essa luz és tu, e eu quero esquecer a noite e seguir-te nesta Primavera feliz.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Os "meus" filmes


"City Lights" (1931)
Luzes da Cidade começa com uma espectacular e hilariante afronta à pompa e circustância e acaba com uma das imagens mais famosas de toda a história do cinema. A película é uma sequência de gags cujo eco aquece os corações e provoca as gargalhadas sentidas do espectador. Imagens enternecedoras e inquietamente românticas vão emocionando clamando por lágrimas de regozijo por uma alma humana que respira amor.
Charlie Chaplin desafiou as convenções com este “City lights”, porque já o filme mudo estava para trás e os sonoros dominavam o cinema. Fiel ao seu estilo, Chaplin deixa apenas a música e os efeitos sonoros na película. Talvez por isso, o filme tenha sido escolhido em 1998 para integrar a lista dos 100 Melhores Filmes Americanos de sempre elaborada pelo American Film Institute.
A história, que narra a tentativa do Vagabundo para encontrar o dinheiro necessário para uma operação que iria restituir a vista a uma jovem vendedora de flores cega, é pois repleta de emoções fortes e situações hilariantes. O Vagabundo transforma-se num homem do lixo, num boxeur, num falso rico, e no salvador de um milionário com intentos suicidas, milionário esse com uma “dupla personalidade” decorrente das suas aventuras alcoólicas com o herói do filme. Perante tamanha expressividade e talento de jongleur de Charles Chaplin, que paralelamente é argumentista de situações genialmente criadas, o filme não precisa de vozes para transmitir a sua mensagem, mesmo nos nossos dias. O Amor é cego e mudo.



Realizador. Charles Chaplin
Intérpretes. Virginia Cherrill. Florence Lee. Harry Myers. Al Ernest Garcia. Hank Mann. Charles Chaplin

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Dimensão aérea

Quando viajo de avião, dou por mim a pensar em como somos diferentes lá em cima. Lá em cima, não somos seres humanos normais, lá em cima oferecem-nos uma dose alimentícia que mais parece uma mini-bateria com sabor a hospital. Mas não é por isso que não me sinto um ser humano normal quando percorro os céus da Terra. Na verdade, é muito estranha a sensação de estar a voar numa dimensão que sinto não ser a dimensão humana. É uma luta contra a gravidade onde pareço fora do local onde tudo se passa, do lugar da minha infância e da morte dos meus pais.
Na verdade, tudo o que mais entusiasma o ser humano são trivialidades (vistas cá de cima), como entrar numa faculdade ou ver um jogo de futebol, assim como o que mais assusta nem é o reino dos porquês, o que existe além do nível das águas do mar, antes o facto de a filha chegar tarde da discoteca ou os latidos do cão. Tudo o que está cá em baixo, tão perto, tão óbvio, tão mesquinho e material. Vejamos: as estrelas do cinema e da tv estão lá em baixo, mesmo sendo estrelas. E sinto-me de facto num local que me seria inacessível à partida. Olho para baixo e vejo minúsculas casas e estradas que parecem irreais. Estarei mesmo lá em cima? Parece uma situação imaginária. Lá em baixo estão as pessoas com as suas alegrias e tristezas e amores, tudo o que importa na vida. Está tudo lá em baixo. Até as doenças e as tristezas e as traições. Lá está a vizinha com a sua casa arejada e os seus bibelots da sala sempre muito brilhantes. Para que serve aquilo, qual a sua importância e valor? Quanto valerá, visto lá de cima o Buda que tenho na sala? Sei que lá em cima não vale nada. Lá está também o meu professor de Teoria da Literatura da faculdade, com a sua sapiência brilhante como os bibelots, mas que não se vê lá do alto, da janela do meu avião.
Tudo parece muito pouco verosímil. Estamos ali, fora do mundo real, numa dimensão que nos parece, cá de baixo, inacessível. Mas é estranho verificar que toda a gente se comporta e reage como se nada fosse. As pessoas riem e falam e olham para o fundo do corredor em frente, quando o avião trepida. E comem as suas pequenas baterias em forma de pãezinhos minúsculos como os pratinhos que parecem para gatos. Tudo é leve lá em cima. A leveza não afecta os viajantes. Nem devem dar pelo facto de estarem noutra dimensão, preocupados que estão com as suas vidinhas, com os tios de França ou com a consulta do urologista. Tudo é muito pesado na mente deles. Tudo gravita. Como já muitos intelectuais do passado concluiram, o Homem é de facto um ser material, que não abandona a terra, porque inconscientemente o não consegue fazer.
E o avião aterra em Veneza e a leveza ficou lá em cima. Veneza parece um local de outro mundo e de outra dimensão. Acho que podia bem ser uma cidade aérea. Mas está cá em baixo, onde estão os bibelots.