Quando comecei a entrar na atmosfera criada pelo filme, senti-me a vaguear no meu próprio mundo, tais são as cores pintadas na tela em que me revejo, o silêncio que amiúde me invade numa melancolia sonolenta e pessimista. Na verdade, Sofia coppola realiza uma película magistral quanto à criação de estados de alma adormecidos, solitários e incompreendidos.
Tóquio serve de ambiente perfeito para que as personagens se percam na tradução, na incompreensão da língua, no isolamento que é mais do que aquele do estrangeiro num país estranho. É o isolamento nas relações. Uma belíssima Scarlett Johansson é Charlotte, acompanhada pelo marido fotógrafo no Japão, mas abandonada pelo mesmo por questões profissionais. Vagueia pelo hotel até encontrar Bob (Bill Murray no seu melhor), um actor de meia idade cujas relações humanas gelaram. Ambos se arrastam “abandonados” à sua sorte, num lugar remoto onde o silêncio forçado corta a comunicação com o mundo humano “exterior”. Envolvem-se na sua tristeza e silêncios. Procuram o sentido para as suas vidas por entre sussurros e suspiros contidos. Amizade? Amor? A resposta é incerta e camuflada, como o ambiente.
O filme é uma espécie de sonho de contornos vagos. Um sonho onde ressaltam interrogações relativamente à nossa essência, ao nosso caminho a percorrer num mundo indecifrável, de respostas frágeis. A emoção galopa ao longo do longo suspiro que é a película, mas é um suspiro hipnótico e cansado, tendo como pano de fundo as cores garridas de uma Tóquio de néons nocturnos ou de suave pastel diurno. No final, o silêncio que se arrastou desde o início, a incerteza quanto ao desfecho que é a certeza do percurso escolhido, do sentido atingido.
O silêncio, o minimalismo dos diálogos contrastam claramente com a opulência da banda sonora, onde se destacam nomes como Air, My Bloody Valentine ou The Jesus and Mary Chain. De resto, “Lost in Translation” não é apenas a sequência do interessante caminho que Sofia Coppola está a seguir no cinema. Trata-se de um filme humanamente enriquecedor e tão tumultuoso quanto apaziguador. Absolutamente incontornável.
Lost in Translation
Realização: Sofia Coppola
Tóquio serve de ambiente perfeito para que as personagens se percam na tradução, na incompreensão da língua, no isolamento que é mais do que aquele do estrangeiro num país estranho. É o isolamento nas relações. Uma belíssima Scarlett Johansson é Charlotte, acompanhada pelo marido fotógrafo no Japão, mas abandonada pelo mesmo por questões profissionais. Vagueia pelo hotel até encontrar Bob (Bill Murray no seu melhor), um actor de meia idade cujas relações humanas gelaram. Ambos se arrastam “abandonados” à sua sorte, num lugar remoto onde o silêncio forçado corta a comunicação com o mundo humano “exterior”. Envolvem-se na sua tristeza e silêncios. Procuram o sentido para as suas vidas por entre sussurros e suspiros contidos. Amizade? Amor? A resposta é incerta e camuflada, como o ambiente.
O filme é uma espécie de sonho de contornos vagos. Um sonho onde ressaltam interrogações relativamente à nossa essência, ao nosso caminho a percorrer num mundo indecifrável, de respostas frágeis. A emoção galopa ao longo do longo suspiro que é a película, mas é um suspiro hipnótico e cansado, tendo como pano de fundo as cores garridas de uma Tóquio de néons nocturnos ou de suave pastel diurno. No final, o silêncio que se arrastou desde o início, a incerteza quanto ao desfecho que é a certeza do percurso escolhido, do sentido atingido.
O silêncio, o minimalismo dos diálogos contrastam claramente com a opulência da banda sonora, onde se destacam nomes como Air, My Bloody Valentine ou The Jesus and Mary Chain. De resto, “Lost in Translation” não é apenas a sequência do interessante caminho que Sofia Coppola está a seguir no cinema. Trata-se de um filme humanamente enriquecedor e tão tumultuoso quanto apaziguador. Absolutamente incontornável.
Lost in Translation
Realização: Sofia Coppola
Intérpretes: Bill Murray, Scarlett Johansson, Giovanni Ribisi, Anna Faris
EUA, 2003
1 comentário:
Acho que você vai adorar o CineDica.
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