terça-feira, 13 de maio de 2008

FINALMENTE FALO DE MÚSICA...

Descobri Cousteau há uns anos quando um amigo, que não era propriamente um fã da vida submarina, falava muito nesse nome. Os Cousteau são uma banda londrina cujo primeiro álbum, homónimo, data de 2000. depois do abandono do compositor Davey Ray Moor, a banda é composta basicamente por 3 elementos: Liam McKahey (lyrics, vocals, percussion), Robin Brown (guitars) e Joe Peet (bass guitar, violin).
Quando se ouve faixas como Last good day of the year (Cousteau, 2000) ou Nothing so bad (Sirena, 2002) sentimos uma cumplicidade e um aconchego de alma que nos faz sentir bem sendo pessoas tristes. O Romantismo não é propriamente uma doença, antes um estilo nublado de sentir emoções fortes, uma forma de encanto etéreo que nos transporta ao limite da essência humana. E o Romantismo está na voz grave de McKahey como em nenhuma outra, voz cuja essência é whisky misturado com cigarros, é melancolia nocturna de desilusões turvadas por uma ânsia de novo amor. Black heart of mine (Nova Scotia, 2005) (sim, o nome deste blogue foi tirado daqui…) é a música do ano (2005), melodia épica que se transforma em música pop de matizes rock. A soberba guitarra de Robin Brown atinge patamares arrepiantes e, pese embora as devidas diferenças, as mutações da faixa quase lembram Paranoid Android (Radiohead). De resto, é notória uma viragem em Nova Scotia relativamente aos trabalhos anteriores, mais intimistas e acústicos, onde a voz de Liam McKahey se impunha como elemento proeminente. Nova Scotia cresce em teclas e bateria, como escurece nas letras, tornando-se um álbum claramente mais eléctrico e ao mesmo tempo mais obscuro do que os anteriores.
Cousteau tem tanto de Tindersticks como de David Bowie, de Burt Bacharach ou mesmo de Nick Cave, numa música a lembrar cortinas de rosas nubladas que tapam janelas de dias cinzentos e melancólicos. Hei-de falar aqui de Tindersticks, sim Senhor, mas para já começo esta “página musical” em grande, com uma banda marcante que aconselho vivamente.
Black Heart Of Mine
Sunny arid noon
It's the kind of day
That makes you pay for believing
In love
I can only ruin
Can the devil see
What's inside of me
How long can it be
I’ll see him soon
There's no fight left in me
I long for the touch of a valkyrie
But no heroe's feast is waiting down below
This blackheart of mine
Is stained beyond redemption
But I'm hoping your love will shine
And you'll make this one exception
Forgiving and divine
That is your reputation
But you're taking your time
Regarding my salvation
Cold lonely moon
Shines the kind of light that makes the night
Seem so evil These voices in my room
The whispers tell
Of an empty shell
Where my soul did dwell
Now the darkness looms
(Cousteau, Nova Scotia)

3 comentários:

Anónimo disse...

De facto é estranho como ninguém parece conhecer esta banda (ninguém comenta...)...são todos atrasados ou passam a vida a ouvir George Michael??!! Cousteau é excelente, é bom haver espaços como este onde´são divulgados artistas verdadeiros e não clones de pseudo-músicos que vivem à custa da imagem...

Anónimo disse...

Olá. Estou a ouvir "Cousteau" neste dia de chuva cinzenta (já os vi em Portugal duas vezes) e cheguei até este blogue atráves de uma pesquisa ao acaso para saber o que é feito deles. No teu perfil falas em "pó": conheces "O jardineiro do Rei", de Frédéric Richaud? - "E pensava no pequeno Courtal, que doravante viveria de seiva e húmus, subiria ao céu sob a forma de caule, abriria as pétalas para as aquecer com o doce calor de um novo dia." p. 44. E isto porque também falas em "optimismo".

Rodriguez disse...

Já ouvi falar nesse autor, mas confesso q n conheço.. de qq forma, gostei da analogia, na verdade é raro alguém vir a este blog e achá-lo optimista..os meus amigos dizem q é mto dark, mto pessimista e demasiado melancólico e mesmo depressivo... talvez tenham razão, mas o q fazer?? se a chuva cai nos nossos corações, como cai sobre as flores belas e luminosas do jardim do Rei. Creio q uma lágrima pode ser mais bela do q um sorriso feliz, mas tb acho q o optimismo é encarar a tristeza como um dom ou uma dádiva, talvez uma forma de arte...
Estará aí o optimismo.
Obrigado pela visita e vou procurar o "Jardineiro do rei".