segunda-feira, 5 de maio de 2008

LOST

A série tem os ingredientes ideais para cativar a atenção de um espectador cansado das imagens actuais carregadas de tecnologia informática e de labirintos de investigações. Uma ilha paradisíaca onde parecemos mergulhar como numas férias impensáveis. À partida tudo parece entretenimento. Puro. Mas não é só. Está lá o imaginário de Júlio Verne, mas está muito mais. Está mistério, um mistério que parece indecifrável, mas que causa vertigem à medida que os episódios avançam em catadupa. Está lá essa fantástica técnica da analepse aplicada ao cinema em estilo de flash-back, utilizado em Lost com mestria e de uma forma inovadora, cruzando-se inclusivamente com os flash-forwards. A mistura resulta bem quando não é exagerada.
A 1ª série foi a melhor. O mistério e o suspense estavam em índices máximos, porque tudo era possível, todas as hipóteses pertinentes, mas logo improváveis, porque afinal nada se sabia de concreto acerca da ilha. As personagens muito boas. Jack é o herói romântico, cuja queda pelo abismo lhe dá o encanto dos grandes heróis imperfeitos. Locke é complexo dentro da sua instintiva sede de sobrevivência, tem um charme e uma postura que lhe garantem uma presença muito forte na série. Os outros, todos desfilam nas suas histórias de encontros e desencontros, almas que estavam perdidas na vida do mundo cosmopolita, onde toda a comunicação é possível; que se encontram a si próprios e aos outros na ilha, numa forma de comunicação primitiva que realça a sua essência verdadeira.
Desde X-Files que não via uma série que me entusiasmasse tanto. Na verdade, os últimos tempos têm sido perdidos na série e sinto-me agora perdido. Porque os episódios da 4ª série estão a chegar ao fim, mas principalmente porque ela entrou num compassar lento e desinteressante. Os episódios arrastam-se entre flash-backs e flash-forwards cruzados ao extremo para confundir o espectador menos atento. de resto, o exagero das analepses e prolepses serve claramente objectivos comerciais. Em termos de argumento, nada de novo, tardam as revelações e cada vez mais é notório que essas revelações são previsíveis.
Para quem nunca acompanhou a série, aconselho vivamente porque suplanta de longe as séries sobre médicos e hospitais preferidas (começam a faltar doenças para o Dr. House tratar) dos espectadores. Mas previno que a excitante viagem ao desconhecido só dura até à 3ª série. Depois… é para os fãs se despedirem sem que fique a sensação de vazio.


1 comentário:

Rony disse...

Por falar em "X-files", já sentia saudades do actor David Duchovny, perdi os dois primeiros episódios da série "Californication", mas os que vi deixam antever coisas muito boas...