A feira de Custóias é uma feira como tantas outras, só que maior em tamanho e em quantidade de vendedores ciganos. Fui lá hoje, foi muito instrutivo e extremamente divertido. Com a crise, as pessoas atulham-se à volta das bancas dos ciganos que vendem produtos a preços impossíveis, atendendo à imagem dos mesmos artigos. Ele há t-shirts da D&G, Armani, Nike ou Lacoste; sapatilhas de marcas do mesmo nível; sapatos e roupas femininas da Zara e mais não sei de que boutiques de shopping e, principalmente, óculos de sol da Ray-Ban, Armani e tal. É uma autêntica loucura, um apinhar de gente que não olha para o lado, tão concentrada que está a remexer as quinhentas mil t-shirts à procura do seu número. Enquanto isso, o cigano alegre e acima de tudo consciente da sua missão naquele local, dá ares de “jongleur” das vendas, quer seja porque se sente vaidoso por conseguir apresentar material tão convidativo a um preço imbatível a fregueses incrédulos sedados pelas maravilhas expostas, quer seja pela linguagem e artimanhas verbais usadas para chamar a si a clientela.
Um cigano não tem tempo para perder, porque amanhã há outra feira em Fermentelos ou na Quinta do fim do mundo, por isso exprime a sua ânsia em despachar a carga prevista, antes que resolva aparecer alguém incómodo a cobrar taxas. A retórica parece simples, mas denota uma sapiência psicológica acumulada por décadas de experiência e gerações e gerações de clientes que, levados pela futilidade da aparência, preferem uma t-shirt contrafeita da Nike a outra qualquer de melhor qualidade. A imagem maquilhada com pó de arroz barato de uma sociedade consumista leva a classe média-baixa à banca do cigano janota e perspicaz.
O cigano é uma espécie de líder da plebe, conhecedor da psicologia das multidões. Usa e abusa de termos e expressões verbais proferidas em tom quase sempre histérico como: “Olha a cigana perdeu a cabeça, tudo a 5 euros!!!”; “Ai, ai, ai, ai, tudo a 5 euros!!”; ou “A cigana é uma porca!!! Venham ver!!!” (Esta mais difícil de descodificar). Ouvem-se ainda graçolas do género: “Venham à tenda do primo do Quaresma!”ou “Podem levar, convém é pagar, 1 euro!! Se não pagarem, levam de borla!”. Houve ainda uma cigana de meia idade que pegou no puto que estava a remexer em bijutaria debaixo da banca e, depois de lhe atirar com dois calhaus à cabeça, deu-lhe uns valentes bofetões. Era o filho. Hábitos diferentes e o respectivo choque cultural.
Há muito quem critique os ciganos. Não irei por aí. Acho-lhes demasiada graça para o fazer. Tenho a consciência que se não fossem eles, na sua tez escura, seus modos desconfiados e grosseiros, suas mulheres gordas de seios enormes e semi-descobertos e seus putos ranhosos e chorões, não haveria jovem de bairro deste país que vestisse Nike ou passeasse por essas ruas citadinas todo feliz em suas calças rasgadas e óculos de sol “marcados”, a dar ares de Cristiano Ronaldo. Isso para mim pode até não ter dignidade alguma, mas são pérolas para muita gente. E parece ser essa a função do cigano nesta sociedade em queda: Reequilibrar a balança da desigualdade social ao nível das aparências. Podem ser frágeis as máscaras e falsas as pérolas vendidas pelos ciganos, mas maquilham e enfeitam os sonhos dos pobres, nem que seja enquanto a T-shirt não vai à máquina de lavar.
Um cigano não tem tempo para perder, porque amanhã há outra feira em Fermentelos ou na Quinta do fim do mundo, por isso exprime a sua ânsia em despachar a carga prevista, antes que resolva aparecer alguém incómodo a cobrar taxas. A retórica parece simples, mas denota uma sapiência psicológica acumulada por décadas de experiência e gerações e gerações de clientes que, levados pela futilidade da aparência, preferem uma t-shirt contrafeita da Nike a outra qualquer de melhor qualidade. A imagem maquilhada com pó de arroz barato de uma sociedade consumista leva a classe média-baixa à banca do cigano janota e perspicaz.
O cigano é uma espécie de líder da plebe, conhecedor da psicologia das multidões. Usa e abusa de termos e expressões verbais proferidas em tom quase sempre histérico como: “Olha a cigana perdeu a cabeça, tudo a 5 euros!!!”; “Ai, ai, ai, ai, tudo a 5 euros!!”; ou “A cigana é uma porca!!! Venham ver!!!” (Esta mais difícil de descodificar). Ouvem-se ainda graçolas do género: “Venham à tenda do primo do Quaresma!”ou “Podem levar, convém é pagar, 1 euro!! Se não pagarem, levam de borla!”. Houve ainda uma cigana de meia idade que pegou no puto que estava a remexer em bijutaria debaixo da banca e, depois de lhe atirar com dois calhaus à cabeça, deu-lhe uns valentes bofetões. Era o filho. Hábitos diferentes e o respectivo choque cultural.
Há muito quem critique os ciganos. Não irei por aí. Acho-lhes demasiada graça para o fazer. Tenho a consciência que se não fossem eles, na sua tez escura, seus modos desconfiados e grosseiros, suas mulheres gordas de seios enormes e semi-descobertos e seus putos ranhosos e chorões, não haveria jovem de bairro deste país que vestisse Nike ou passeasse por essas ruas citadinas todo feliz em suas calças rasgadas e óculos de sol “marcados”, a dar ares de Cristiano Ronaldo. Isso para mim pode até não ter dignidade alguma, mas são pérolas para muita gente. E parece ser essa a função do cigano nesta sociedade em queda: Reequilibrar a balança da desigualdade social ao nível das aparências. Podem ser frágeis as máscaras e falsas as pérolas vendidas pelos ciganos, mas maquilham e enfeitam os sonhos dos pobres, nem que seja enquanto a T-shirt não vai à máquina de lavar.
1 comentário:
a cena dos ciganos e mm assim...
e claro q n vou opinar sobre a ideia q a grande maioria tem sobre eles.. aqui nao e o sitio indicado!
e tb n quero!!
Com as dificuldades q passamos, atraves dos lelitos conseguimos "aparentar-mos" as tendencias fashion mundiais.
"Ai Lelo, mostra ai ao sr a nova coleccao. Ai, fica-lhe tam beem".
Eles transformam qq pessoa numa copia rasca de uma grande cara mundial. Ate parece q nc viram ninguem a passear na rua com uma ganda pose, cheia de casca, com roupas contrafeitas. Ate tu tens algumas, eu tnh!! =)
E e assim, n conseguimos o original, olha, contentamo-nos com a copia.
E so pena eles ainda n terem copias de Porsches ou Ferraris.
Ja imaginas te comprar um Porsche pelo preco de um Corsa de 89?!
Vai aos negocios Lelo da Purificacao.
cump, belo post, Paulissimo
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