Tim Both e os James; Ray Manzarek e Roby Krieger; Macey Gray
"EU FUI..."
A noite começou com uma francesinha, porque prometia ser longa e convinha "aconchegar" o estômago para o desgaste de energia, ainda mais quando se sabia que alguém dos míticos The Doors iriam estar mesmo ali, junto ao Douro, a esfregar guitarras e teclas como nos velhos tempos. Já lá vamos.
A organização do festival “Marés vivas” está ainda muito arcaica. Foi uma hora passada na fila para entrar, enquanto lá dentro Macey Gray soltava sons RMB e soul abafados pela turba. Mas o espírito festivaleiro faz esquecer o resto: as t-shirts de Jim Morrisson espalhavam-se pela margem do rio, penduradas em “carcaças” andantes na casa dos 20, 30, 40, 50 e até 60 anos, sentia-se o cheiro saudoso do haxixe numa atmosfera quente, o público notava-se em geral muito heterogéneo. Sinal dos tempos.
Já em frente ao palco, vi a entrada triunfal dos Riders on the Storm, onde pontificam 2 consagrados elementos da mítica banda de Jim Morrisson: Roby Krieger e Ray Manzarek, este o proclamado líder de uma banda que não é mais do que uma sombra obscura e incompreensível dos The Doors. Apesar dos acordes blues inconfundíveis, do som a lembrar flower power e sex, drugs and rock’n roll, Manzarek parece claramente senil e acaba por expor os restantes membros do grupo (Brett Scallions, ainda assim, consegue fazer lembrar Morrisson de forma nada forçada) a uma situação pouco menos que ridícula. Entoa o nome de Jim Morrisson em tom de oração inflamada, tentando cativar e entusiasmar a turba e exagera claramente no protagonismo que chama a si entre cada música, quer seja pelos gritos a lembrar James Brown, quer seja pela forma quase patética como se dirige ao público. A determinada altura, pelo discurso e pose de Manzarek, perguntei-me se os americanos já sabem que Portugal é hoje um país da moderna Europa, livre da ditadura e do atraso pelo menos cultural, em vez de uma qualquer obscura província espanhola.
Sentia-me à partida claramente entusiasmado por poder ver de perto e ouvir os míticos membros de uma das bandas que mais me marcaram a adolescência. Lembro-me de rabiscar cadernos com letras de Morrisson, de usar t-shirts, apesar de não ser contemporâneo da banda. The Doors, mais do que um estilo ou tipo musical, é um estado de espírito. É por isso que não dou por mal empregue o concerto. Apesar de penoso para os meus acompanhantes, foi emocionante qb ouvir ao vivo os acordes originais de "Light my fire", "Love me two times" ou "Love her maddly" (quem desdenharia?). Mas senti claramente as portas a fecharem-se. Fim.
James. Os James são outra referência da minha adolescência. Referência obviamente mais presente, pela contemporaneidade da banda e pela minha afinidade de longa data com a pop britânica. Estavam já 20 mil pessoas na plateia.
Banda consensual, os James conseguem fazer parar canções pop no tempo, como se o tempo não passasse e “sit down” fosse já ali. Mas não, é uma faixa de 89! Tim Booth e seus pares (destaque para um inesperado Andy Diagram de vestido vermelho) entoaram uma série infindável de autênticos hinos que ninguém ousa ignorar: “She’s a star”; "Say something", “Born of frustration”; “Out to get you”; “Sound”; “Ring the bells”; “Tomorrow” (talvez a minha faixa preferida); e o inevitável “Sometimes” (último encore antes do apoteótico “Laid”).
A organização do festival “Marés vivas” está ainda muito arcaica. Foi uma hora passada na fila para entrar, enquanto lá dentro Macey Gray soltava sons RMB e soul abafados pela turba. Mas o espírito festivaleiro faz esquecer o resto: as t-shirts de Jim Morrisson espalhavam-se pela margem do rio, penduradas em “carcaças” andantes na casa dos 20, 30, 40, 50 e até 60 anos, sentia-se o cheiro saudoso do haxixe numa atmosfera quente, o público notava-se em geral muito heterogéneo. Sinal dos tempos.
Já em frente ao palco, vi a entrada triunfal dos Riders on the Storm, onde pontificam 2 consagrados elementos da mítica banda de Jim Morrisson: Roby Krieger e Ray Manzarek, este o proclamado líder de uma banda que não é mais do que uma sombra obscura e incompreensível dos The Doors. Apesar dos acordes blues inconfundíveis, do som a lembrar flower power e sex, drugs and rock’n roll, Manzarek parece claramente senil e acaba por expor os restantes membros do grupo (Brett Scallions, ainda assim, consegue fazer lembrar Morrisson de forma nada forçada) a uma situação pouco menos que ridícula. Entoa o nome de Jim Morrisson em tom de oração inflamada, tentando cativar e entusiasmar a turba e exagera claramente no protagonismo que chama a si entre cada música, quer seja pelos gritos a lembrar James Brown, quer seja pela forma quase patética como se dirige ao público. A determinada altura, pelo discurso e pose de Manzarek, perguntei-me se os americanos já sabem que Portugal é hoje um país da moderna Europa, livre da ditadura e do atraso pelo menos cultural, em vez de uma qualquer obscura província espanhola.
Sentia-me à partida claramente entusiasmado por poder ver de perto e ouvir os míticos membros de uma das bandas que mais me marcaram a adolescência. Lembro-me de rabiscar cadernos com letras de Morrisson, de usar t-shirts, apesar de não ser contemporâneo da banda. The Doors, mais do que um estilo ou tipo musical, é um estado de espírito. É por isso que não dou por mal empregue o concerto. Apesar de penoso para os meus acompanhantes, foi emocionante qb ouvir ao vivo os acordes originais de "Light my fire", "Love me two times" ou "Love her maddly" (quem desdenharia?). Mas senti claramente as portas a fecharem-se. Fim.
James. Os James são outra referência da minha adolescência. Referência obviamente mais presente, pela contemporaneidade da banda e pela minha afinidade de longa data com a pop britânica. Estavam já 20 mil pessoas na plateia.
Banda consensual, os James conseguem fazer parar canções pop no tempo, como se o tempo não passasse e “sit down” fosse já ali. Mas não, é uma faixa de 89! Tim Booth e seus pares (destaque para um inesperado Andy Diagram de vestido vermelho) entoaram uma série infindável de autênticos hinos que ninguém ousa ignorar: “She’s a star”; "Say something", “Born of frustration”; “Out to get you”; “Sound”; “Ring the bells”; “Tomorrow” (talvez a minha faixa preferida); e o inevitável “Sometimes” (último encore antes do apoteótico “Laid”).
Os James tocaram ainda muitas mais da sua famigerada panóplia de hits pop, com destaque para o incontornável “Getting away with it all (messed up)”, tendo encaixado pelo meio, de uma forma muito apropriada, algumas faixas do novo álbum “Hey Ma”, onde se destaca o politicamente correcto single homónimo.
Viu-se em Gaia um Tim booth a irradiar simpatia, pela sua energia e por uma pose em palco feita de mutações baseadas em duas décadas de experiência enquanto intérprete: ora vibrava e empolgava o público com uma maneira ágil e quase apocalíptica de dançar (bem ao jeito dos interpretes das bandas pop britânicas); ora parava a contemplar a maravilha do efeito da sua música na multidão extasiada. Booth apresentou-se como uma espécie de Dandy descontraído, romântico esguio, em sua camisa branca a transmitir a ingenuidade de muitas das suas músicas.
O final do concerto foi altamente festivo, apoteótico, com várias dezenas de fãs a saltar para o palco para acompanhar ao som das palmas e dos saltos a performance final dos James, “Laid”. Nem sequer faltou um hilariante Jim Morrisson a esta celebração final da música pop. Quem lá esteve percebe porquê. Eu estive e confesso que foi pouco menos que arrepiante ver os olhos encovados de Tim Both emocionados pelo calor de um público que continua a adorar os James. O Porto, como os próprios disseram, é um sítio marcante para a banda.
O concerto foi marcante também para mim.
Viu-se em Gaia um Tim booth a irradiar simpatia, pela sua energia e por uma pose em palco feita de mutações baseadas em duas décadas de experiência enquanto intérprete: ora vibrava e empolgava o público com uma maneira ágil e quase apocalíptica de dançar (bem ao jeito dos interpretes das bandas pop britânicas); ora parava a contemplar a maravilha do efeito da sua música na multidão extasiada. Booth apresentou-se como uma espécie de Dandy descontraído, romântico esguio, em sua camisa branca a transmitir a ingenuidade de muitas das suas músicas.
O final do concerto foi altamente festivo, apoteótico, com várias dezenas de fãs a saltar para o palco para acompanhar ao som das palmas e dos saltos a performance final dos James, “Laid”. Nem sequer faltou um hilariante Jim Morrisson a esta celebração final da música pop. Quem lá esteve percebe porquê. Eu estive e confesso que foi pouco menos que arrepiante ver os olhos encovados de Tim Both emocionados pelo calor de um público que continua a adorar os James. O Porto, como os próprios disseram, é um sítio marcante para a banda.
O concerto foi marcante também para mim.
4 comentários:
Uau...
Uau...
Uau...
Conseguiste tocar-me profundamente!!
Tou sem palavras, a emocao deixa-me bloqueado.
uff, ja comeco a respirar..
Imagino a tua alegria e o contagio q t tera feito, a mim ja fez!!!
Parabens e obrigado. Consigo imaginar detalhadamente tudo isso.
Hoje em dia, bem, temos e Bergas para ir matando as saudades da adolescencia =)
Gandas noites la, ne Paulissimo?! ;)
Fico super contente por ti e pena de nao ter tado la..
Bem, mas isso tu sabes q aqui e aquela m****
Ganda abraco
The Doors é, sem dúvida, um estado de espírito!
Apesar da morbidez, decadência e ridículo do grupo “Riders on the Storm”, teria gostado de ouvir ao vivo os acordes de músicas tão marcantes para mim.
Eu também fui e adorei, principalmente James, que não parecem decair... Foi muito emocionante mesmo. Tu por acaso escreves para o blitz ou coisa do género?
james foi demais, sem palavras...Até podem voltar para o ano outra vez, que lá estaremos pra vos ver!
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