quarta-feira, 29 de outubro de 2008

JOURNÉE PARISIÈNNE











Jardin de Luxembourg, Louvre (2), Tour Eiffel, Montmartre (Moulin Rouge)




terça-feira, 21 de outubro de 2008

"dEUS é grande"

Hoje que os dEUS actuam no Porto e eu infelizmente não vou poder estar presente, apetece-me, em vez de discorrer sobre as cambiantes e estéticas musicais da banda, contar um episódio algo burlesco que marcou para sempre a minha ligação a esta banda belga de pop-rock progressivo de características mescladas onde o punk também faz aparição.
Estudava eu em Coimbra, nos tempos em que os concertos da Queima ainda se desenrolavam no parque, do lado ocidental da cidade cuja alma não dorme. Por entre garrafas e copos de cerveja e de shots, de um cheiro nauseabundo a urina e muitas vezes a vómito; os acordes do rock, da electrónica e dos sons pimba das barracas espalhavam-se numa atmosfera zonza, onde as cabeças chocavam, os sorrisos patetas vagueavam expostos por cima de capas pretas ambulantes, em câmara lenta. Sempre em câmara lenta.
Era dia dos Gene Loves Jezebel, quem não se lembra desta banda mediana? Mas para mim e para os meus dois grandes companheiros de jornada académica, os dEUS chamavam-nos ao parque, queriamos "For the roses" e "Suds & soda". Os dEUS chamavam-nos e a boémia alcoólica, entenda-se, porque a Queima era mesmo para aliviar ao extremo neurónios cansados... de quê? talvez muitas vezes de estagnação.
Descemos pela Praça da República até à Ferreira Borges e contornámos até às bilheteiras não sem antes parar num café que havia ali junto ao stand nem me lembro de que marca, para atestar os depósitos, entenda-se. Uns finos e estávamos prontos para ver deus. Grande contrariedade: a multidão descontrolada em frente aos quiosques de bilhetes. Parecia que de bilhetes gerais ninguém tinha ouvido falar. O caos. Mas nós éramos respeitadores, correctos nas questões do civismo (...). Colocámo-nos na fila que era larga... aliás, não seria bem uma vulgar bicha, mas mais um amontoado anárquico de capas pretas sem braços, apenas com cabeças zoadas à espera de ver diante de si algo parecido com uma janela falante.
Mas há sempre quem não goste de cumprir questões de ética social e vai de dar o vulgo "golpe" da fila. Assim, como quem não quer a coisa, avançando em diagonal na direcção da janelinha dourada. Passa um, passa dois, encosta daqui, amassa dali e lá estava ele colado a nós na dianteira, de sorriso subtilmente triunfante, porque queria disfarçar. Lembro-me de olhar para os meus eternos comparsas, indignado. Um deles, indignado como eu e pronto a retaliar à sua maneira, sempre uma maneira veemente e comicamente marcante, mas o outro, calmo, sereno, como se tudo fosse normal, como se fossem momentos de alívio ou prazer.
O odor a urina nem se fazia notar, mas a capa académica do "amigo" golpista ia ter dias de fragrâncias difíceis.
"Estou a mijar e ele está-se a rir"... Palavras sábias e oportunas. Os golpes só resultavam mesmo connosco, nas filas das amarelas. Ali não, porque os dEUS estavam a actuar e não mereciam traições.
PS: Quem sabe "do que eu estou a falar" que se pronuncie...

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PARIS JE T'AIME




Paris, a cidade do amor

Perdoem-me o cliché, mas Paris é uma cidade fantástica. A paisagem é de uma beleza desconcertante, os parisienses têm um ar arrogante mas pertinente, as parisienses possuem uma beleza que é só delas, uma coqueterie muito distinta que marca definitivamente a atmosfera da cidade do amor.
Metrópole moderna, complexa e gigantesca, a Paris dos nossos dias parece tirada de séculos anteriores, tal é o ar janota e de vestes clássicas que exibe. A arquitectura é toda ela harmoniosa, gótica ou clássica, transmite melodias de acordeão e violino. A cultura vasta é patente por toda a parte, história viva de uma Europa sábia e vaidosa.
Por entre o metro de vagabundos e pedintes que dormem à espera da luz eterna, encontram-se artistas que pedem esmola exibindo dotes de jongleurs incompreendidos, a Babilónia de seres humanos coloridos a tons escuros esquecidos de ouvir o zoar cosmopolita que a cidade emana.
Visitei o Louvre, esse antro da cultura ocidental, disfrutei das cores originais da Mona Lisa e das rochas frias e ao mesmo tempo voluptuosas da Vénus de Milo, senti o arrepio extasiante inesperado diante da maior obra da pintura romântica, Liberdade guiando o povo, de Delacroix. Soube a pouco, mas o tempo…escasso, a pedir uma nova visita.
Passeei pela Butte de Montmartre, contemplei as cores garridas e libertinas do Moulin Rouge… subi ao Sacré Coeur e vi a Torre Eiffel ao longe na paisagem urbana interminável. Tinha que subir até ao topo da dama de ferro da cidade eterna francesa. E subi, foi soberbo. Senti o amor, na visita nocturna por entre gauffres e crêpes doces, friozinho que nos faz agarrar ainda mais o que gostamos e quem gostamos.
O Quartier Latin irradia charme nos alfarrabistas e nos bistrots e restaurantes gregos, asiáticos e mais ocidentais. Sente-se a boémia que se arrasta na madrugada. Não quero ser injusto com todos os outros locais que visitei. Não divagando sobre eles, elogio-os como mágicos, encantadores até na sua tristeza ou tons cinzentos, quer seja a Notre-Dame de Paris, o Père Lachaise, o fantasma da Bastilha ou, mais para fora, Versailles.
No final, a saudade que aperta e a certeza do regresso à cidade bela, depois do regresso a um inesperado silêncio torturante do Porto.