quarta-feira, 19 de março de 2014

PAI


Sentido que procuro numa espera eterna, até à morte terna
Imagem que se esbate numa era que não passa.
Hoje sinto-te longe, mais que nunca, ó Pai
(e queria-te aqui perto)
Quem és e que ser foi este que criaste,
Tão triste…
Tão sombra de ti, tão lágrima que ferve
De saudade feroz
(revolta pelo tempo vazio da tua voz).
Serás canção de embalar, de calor de luar
Sentido, doce abrigo que procuro, louco, nesta hora
Na memória que roubei ao sonho.
Faltam-me teus relâmpagos que nunca vi
Teu esgar severo que jamais senti
Teu abraço protetor, teu manto de amor…
Ó pai! gritar ao mundo teu nome, chamar-te bem alto!
Correr, contemplando teus braços alados,
Voando no vento ansiosos, orgulhosos
De mim.
Pai.
Palavra que fere. Vazio cansado de si.
Amargura, pai.
Devolve-me ao menos a lembrança da canção que me cantaste um dia,
Sentado em teus joelhos secos, feliz pelas histórias que nunca me contarias.
rodriguez 2014

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